As novas tecnologias digitais são parte inerente da vida e do trabalho das pessoas. No entanto, isso não significa que seu uso é normal ou amplamente difundido. A falta de treinamento em relação a essas ferramentas aumenta a vulnerabilidade da informação nos ambientes corporativos.
Segundo uma pesquisa da Verizon que analisou mais de 40 mil incidentes em diferentes países, 35% das violações ocorreram por causa de falha humana.
A falta de acesso e de conhecimento sobre esses recursos coloca em risco a privacidade de dados e a segurança da informação. No ambiente corporativo, pode levar a brechas de segurança e ao aumento da vulnerabilidade de dados pessoais de terceiros, por exemplo.
Saber manusear um computador ou um celular, não é o mesmo que compreender sua funcionalidade ou seu impacto na sociedade. Por isso, cunhou-se o termo “letramento digital”.
Neste artigo, vamos aprofundar o tema e debater sua importância dentro do ambiente de trabalho.
Entenda o que é letramento digital
Assim como a escrita representou um avanço tecnológico e social, as tecnologias digitais mudaram a maneira como as pessoas se relacionam. Redes sociais, emails e aplicativos de mensagens instantâneas impactaram a forma como compreendemos o tempo e o espaço.
Com a transformação digital, o trabalho também mudou. Novos cargos surgiram, muito mais ligados às tecnologias emergentes e alguns postos de trabalho foram substituídos por automação e inteligência artificial. Uma das mudanças atuais mais significativas é a possibilidade do trabalho remoto.
É nesse sentido que o letramento digital ganha importância. Assim como a alfabetização não é sinônimo de compreensão e senso crítico a respeito do que se lê, a habilidade básica de inserir dados em um programa de computador não significa domínio da ferramenta.
Ser digitalmente letrado envolve a capacidade de usar as tecnologias para desempenhar novas atividades, concretizar interesses e atuar com autonomia.
A falta de informação ainda é realidade
O volume de dados transacionados diariamente está cada vez maior. Colaboradores e usuários precisam fornecer seus dados para uma série de transações, desde um cadastro até a finalização de uma compra, por exemplo. Mesmo assim, há muita dúvida e falta de informação sobre o que é um dado pessoal conforme o que dispõe a LGPD.
Segundo uma pesquisa conduzida pelo Procon-SP em 2021, 59,41% dos entrevistados não souberam responder o que é um dado pessoal. Quando perguntados a respeito da LGPD, 65,04% não conheciam a lei.
Já um levantamento realizado pela Febraban-Ipespe demonstrou que 44% dos usuários pensam ter pouco ou nenhum controle sobre as informações digitalmente coletadas pelas empresas. O que, sob a ótica da LGPD, não é verdade.
Além da exigência do consentimento explícito, a referida lei prevê em seu artigo 18 que “O titular dos dados pessoais tem direito a obter (…) II – acesso aos dados; V – anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desnecessários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto nesta Lei”.
Mas para que as empresas possam adotar boas práticas de segurança da informação e cumprir as exigências da LGPD, os colaboradores precisam receber treinamento. Ou seja, os funcionários precisam de letramento digital.
Invista no letramento digital dos seus colaboradores
O letramento digital vai além da mera capacitação tecnológica, ele contribui para a elevação dos níveis de segurança e proteção de dados dentro da empresa.
Segundo a Pesquisa Prioridades de TI, 2021, a falta de habilidade dos colaboradores em relação às tecnologias e à segurança do usuário final representa um ponto de vulnerabilidade. Por isso, 46% das organizações entrevistadas pretendem adotar treinamento de conscientização sobre segurança.
Ainda de acordo com o estudo acima, 50% das empresas pretendem investir em governança de dados nos próximos 12 meses, e 46% passaram a dar mais importância à gestão de segurança e risco após a pandemia de covid-19.
Nesse sentido, o Encarregado de Dados, ou DPO, pode contribuir muito para o treinamento dos colaboradores. Entre suas principais atribuições, ele deve orientar os funcionários a respeito das práticas a serem tomadas em relação à proteção de dados pessoais.